quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

OS CRAQUES ANTIGOS

ZICO:


A história de Zico no Flamengo começou em 1967, na escolinha do clube. Zico foi levado pelo radialista Celso Garcia, que, convidado por Ximango, um amigo da família Coimbra, viu Zico arrebentar numa partida de futebol de salão do River. O garoto marcou nove gols na maiúscula vitória de 14 x 0. Mas por pouco Zico não foi parar no América, já que o irmão Edu havia acertado, naquela mesma semana, tudo com a escolinha do Alvi-Rubro. A paixão pelo Flamengo falou mais alto. O primeiro jogo no Maracanã aconteceu três anos depois, ainda pela escolinha do Flamengo. O ‘violino’ Carlinhos, que mais tarde viria a ser formador de talentos e treinador campeão pelo clube, estava se despedindo da carreira de atleta num jogo entre Flamengo x América, que terminou empatado em 0 a 0. Zico recebeu de Carlinhos o par de chuteiras, instrumento de trabalho que era arma poderosa nos pés do habilidoso e cerebral meia Carlinhos.
As vitórias já eram uma rotina para Zico, artilheiro do Flamengo, quando o Brasil conquistava o bicampeonato mundial no México. Em 71, passou para o Juvenil e marcou seu primeiro gol diante da torcida que o consagrou. Foi de pênalti, num empate em 1 a 1 contra o Botafogo. A enorme capacidade de trazer a responsabilidade para si nos momentos difíceis, faria de Zico um jogador especial. Mas, curiosamente, um pênalti ainda marcaria sua carreira. Na Copa de 86, contra a França, Zico despediçaria uma cobrança durante o jogo e o escrete Canarinho acabaria eliminado nos pênaltis, nas quartas-de-final.
GLÓRIAS E FRUSTRAÇÕES A geração de Zico nasceu junta na Gávea. Adílio, Andrade, Júnior, Rondineli e cia, que levaram o Flamengo aos principais títulos da história do clube- a Libertadores e o Mundial, ambos em 81-, tinham a cara do clube e um jeito de família. Para Zico, a formação de uma grande família rubro-negra foi a essência da conquista. Por isso mesmo, ele tratou rapidamente de construir a sua ao lado de Sandra, vizinha e primeira namorada, que se tornou companheira fundamental nos momentos mais dramáticos da carreira do Galo. Os frutos de seu casamento são três filhos: Bruno, Thiago e Júnior. Os três entraram no mundo da bola e dois deles ainda jogam. Thiago, o mais novo, atua na equipe de juniores do Flamengo e Júnior está indo jogar no Tosu, do Japão. Já Bruno preferiu a música e vai lançar um cd na terra do sol nascente.
Se em 71, Zico marcou seu primeiro gol no Maracanã e começou a experimentar o gostinho de comemorar uma vitória do Flamengo no campo e não nas arquibancadas, no ano seguinte viveu a primeira grande decepção, que ele aponta como a maior. Já começava a jogar entre os profissionais e voltou para a equipe juvenil com a promessa de que se continuasse amador disputaria as Olimpíadas em Munique, na Alemanha. No momento decisivo, o anúncio da lista, Zico estava fora. Foi deixado de fora pelo técnico Antoninho. Quase abandonou a carreira de tão decepcionado que ficou. Nesse momento, os irmãos o convenceram a seguir em frente.
Quando começou a jogar na equipe profissional, rapidamente os títulos foram apagando essa tristeza. Dois campeonatos brasileiro depois, Zico era vitorioso apesar do Sarriá da Copa de 82, quando a Itália eliminou aquela que é apontada por muitos como a Seleção Brasileira com o futebol mais bonito da história, e que não foi campeã. O mundo soube reconhecer isso e propostas não faltaram para Zico deixar o país. Foi somente pela força do futebol italiano que o Galo deu um até breve ao Flamengo. Na segunda proposta dos italianos e, mesmo assim, depois de frustrada uma operação comandada por Zico para cobrir a oferta da Udinese, ele seguiu para entrar na história do futebol europeu, em 1983. Levou o modesto Udinese a resultados surpreendentes, encantou os torcedores e infernizou os goleiros com as cobranças de falta, sua grande arma.
Na volta ao Brasil, duas temporadas depois, aconteceu aquilo que todos temiam. A truculência de um jogador do Bangu chamado Marcio Nunes, tirou Zico dos gramados e o colocou numa rotina de cirurgias e fisioterapia para recuperar o joelho, obrigações que o iriam acompanhar até o final da carreira. Apesar disso, na Copa de 86, Zico estava em campo, no sacrifício. O penâlti, a decepção e a volta por cima estariam no roteiro a partir do momento em que foi ao México.
No Flamengo, ainda no ano de 1986, Zico voltou a brilhar e, mesmo longe das melhores condições, foi o maestro na conquista do título nacional de 1987, contra o Internacional, em pleno Maracanã. Carlinhos, aquele mesmo que cedeu sua chuteira 17 anos antes, estava lá, treinando o Flamengo. Reconhecendo o sacrifício de Zico, a torcida que lotou o Maracanã na final, não cansou de gritar após o jogo contra o Inter: ‘Hei, hei, hei... o Zico é nosso rei’. E ele foi obrigado a voltar do vestiário após o jogo para retribuir o carinho.
O FIM DE UMA ETAPA O momento de parar se aproximava para marcar o fim de uma fase. No competitivo e muitas vezes violento futebol brasileiro, já não dava mais para o Galinho, que ainda jogou e foi campeão da Taça Guanabara de 89 e 90. Uma rápida passagem pela política, quando Collor foi eleito presidente, e marcas definitivas no esporte. Apesar do período conturbado, Zico, alheio a um outro jogo que estava sendo disputado nos corredores de Brasília, plantou a semente de uma lei que hoje dá passe livre aos atletas, entre outras mudanças significativas no esporte nacional.
No mesmo ano, vira presidente de clube ao criar o Rio de Janeiro, que depois teria de mudar para CFZ do Rio. Paralelamente a criação do clube, Zico colocou em prática o sonho de um centro de treinamento com toda a estrutura para a formação de craques. Localizado na Barra da Tijuca, num terreno de 40 mil metros quadrados, foi inaugurado o Centro de Futebol Zico. A péssima administração do futebol carioca o obrigou a abortar o sonho de um time profissional competindo no Estadual, mas o CFZ funciona normalmente nas categorias de base e tem jogadores profissionais nos principais clubes do Rio e no CFZ de Brasília, franquia de sucesso e que busca uma vaga na Série C do Brasileirão.
Em 91, Zico assina contrato de três anos com o Sumitomo, do Japão, para um trabalho de desenvolvimento do esporte no país. E os três anos se multiplicaram de modo que Zico hoje é Jico san. A família está estabelecida nos dois países e o Galinho arranha um japonês. Para se ter uma idéia, no Brasil a despedida de Zico foi um show no Maracanã, em 1990. No Japão, a homenagem foi um espetáculo impressionante com tecnologia, calor humano e o reconhecimento de um trabalho que ainda não terminou por lá. Zico quer levar a seleção japonesa a um nível de profissionalismo que possa colher frutos no futuro.
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