quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

craques antigos

agora voces vao conhecer a história de craques antigos:


LEÔNIDAS:Quando o carioca Leônidas da Silva começou a jogar no Bonsucesso, em 1931, aos 18 anos, o negro já não encontrava tanta resistência no futebol brasileiro. Muitos clubes ainda faziam restrições aos ?homens de cor?, mas o torcedor simples do povo que enchia as arquibancadas já dividia os jogadores apenas em craques e pernas de pau.
Marginalizado pelos outros clubes do Rio por ter negros em suas fileiras, e proibido de disputar o campeonato carioca sob a alegação de não ter estádio, o Vasco promoveu uma campanha popular e em 1927 construiu São Januário, então o maior estádio do País. Quando Leônidas iniciou sua carreira, outros clubes, como o Flamengo, já tinham percebido que ter jogadores negros tornava o time mais popular, mais ?brasileiro?.
O êxodo rural, a industrialização e a conseqüente urbanização tinham gerado um grande contingente de operários nas maiores cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo. As elites eram questionadas, surgiam novos segmentos na sociedade, entre eles o proletariado urbano. O trabalhismo de Getúlio Vargas comandava o País. O futebol já era uma febre nacional e dele, aclamado pelas massas, surgiam os ídolos nacionais.
Leônidas nasceu no dia 6 de setembro de 1913 (coincidentemente o mesmo dia no qual, 56 anos depois, morreria Friedenreich). Ainda na fase do amadorismo marrom, jogou até os 19 anos no Bonsucesso, destacando-se pela técnica, velocidade e capacidade de marcar gols. Em 1933 foi contratado pelo Peñarol, do Uruguai, onde ganhou o apelido de Diamante Negro. Voltou no ano seguinte para o Vasco, conquistando o título carioca.
Com impulsão e elasticidade notáveis, Leônidas também teve o apelido de ?Homem Borracha?. Não foi o inventor, mérito que ele próprio dá ao companheiro Petronilho de Brito, mas foi aquele que executou com maior perfeição a acrobática ?bicicleta?, na qual o jogador lança o corpo ao ar e, de costas para o gol, desfere o chute contra a meta adversária. Em dezembro de 1932 fez um gol assim na vitória sobre o Uruguai por 2 a 1, no estádio Centenário de Montevidéu. Sua bicicleta mais famosa aconteceu no empate de 1 a 1 com a Checoslováquia, na Copa de 1938.
Aos 20 anos, Leônidas fez o único gol do Brasil na Copa de 34, na Itália. A Seleção perdeu por 3 a 1 na estréia para a Espanha e foi eliminada. Quatro anos depois, porém, no auge da forma, o Diamante Negro brilhou na Copa da França. Conquistou a artilharia da competição, com oito gols, e comandou o time, que ficou com o terceiro lugar. Machucado, não enfrentou a Itália, na semifinal, e até hoje se diz que se ele jogasse aquela partida o Brasil não teria perdido (1 a 2) e provavelmente teria conquistado o título. Naquela Copa, pela primeira vez os melhores jogadores brasileiros foram convocados, e não apenas os cariocas, como em 1930 e 34.
Campeão carioca pelo Vasco em 34, pelo Botafogo em 35 e pelo Flamengo em 39, Leônidas foi contratado pelo São Paulo em 1942. Ele estava sem ambiente no Rio, depois de ter sido preso por forjar o certificado de dispensa do serviço militar. O São Paulo pagou 200 contos de réis pelo passe, uma fortuna na época. O craque foi recebido por uma multidão na Estação da Luz. Como tinha 30 anos incompletos e era considerado velho, foi apelidado de ?bonde?, termo ainda utilizado para designar jogadores contratados em fim de carreira.
Mas o Diamante calou os críticos com um futebol de rara técnica, fundamental para o time paulista conquistar os títulos estaduais de 1943/45/46/48/49. Seu último jogo, aos 38 anos, aconteceu em janeiro de 1952, na derrota do São Paulo para o Palmeiras por 3 a 2, pelo Torneio Rio-São Paulo. Sua última partida pela Seleção Brasileira aconteceu em janeiro de 46, no empate de 1 a 1 com o Paraguai. Seu último gol com a camisa do Brasil foi marcado em dezembro de 45, na goleada de 6 a 2 sobre a Argentina.
Sobre Leônidas, assim falou Domingos da Guia, zagueiro que disputou com ele a Copa de 38 e também jogou ao seu lado no Peñarol e no Flamengo: ?Seus chutes eram todos colocados, assim como os de Friedenreich. Foram os maiores atacantes de todos os tempos. Nunca o vi chutar uma bola fora. No entanto, o drible não era o seu forte?.
Muitos dos gols de Leônidas, provavelmente a maioria, não têm registros oficiais. Todo o seu período anterior ao Bonsucesso, por exemplo, passou em branco (dos 13 aos 15 anos ele jogou no São Cristóvão, dos 15 aos 17 no Havanesa, Barroso e Sul-América, e aos 17 no Sírio e Libanês). Marcou 37 gols pela Seleção, 26 em jogos oficiais. Fez 211 jogos com a camisa do São Paulo, pelo qual marcou 140 gols, dois a menos do que no Flamengo.
Ficou viúvo em 1952, quando a mulher, Lourdes, morreu de tuberculose. Teve um filho do primeiro casamento, mas este morreu afogado no mar, em Niterói, aos três anos. Em 1954 conheceu Albertina, professora de Filosofia, com quem viveu até seus últimos dias. Em meados dos anos 70 Leônidas passou a sofrer do Mal de Alzheimer. Em 1993 foi internado em uma clínica, em Cotia, onde viveu os últimos dez anos de sua vida. Morreu no dia 24 de janeiro de 2004.

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